CONCLUSÃO

A explicação para estas ilhas, e especialmente para a Ilha do Diabo dos mares do norte pode encontrar-se nos icebergs que abundam nesses mares.

Uma outra explicação para estes diversos avistamentos é sugerido por Adam de Bremen. Este autor refere uma "Vinland", com todas as características de uma "Ilha Afortunada" e que "tinha sido avistada por muitos nesse oceano. Essa ilha recebera esse nome porque as vinhas nasciam aí sozinhas dando o melhor dos vinhos.

Em 1946 um avião meteorológico da U.S.A.F. que voava no Ártico relatava a existência de uma ilha no seu visor do radar. A sua existência foi classificada então como um segredo militar. Observações posteriores indicaram que esta se movia. Quando o nevoeiro clareou a tripulação de um outro avião pode observar melhor a ilha. Tinha aproximadamente o tamanho da Ilha de Guam, com brilhantes lagos azuis, correntes cinzentas e rochas vermelhas. Em três anos a ilha moveu-se 1500 milhas. No ano seguinte foram detectadas mais duas ilhas e nos anos seguintes, outras mais. O primeiro anúncio público da sua existência surgiu em 1950. Investigações conduzidas posteriormente revelaram que tinham possívelmente uma base de gelo, sobre a qual se erguiam massas rochosas capturadas nalguma passagem rasante à costa (32).

Como aponta Ilaria Luzzana Caraci, bom número destas ilhas registadas em posição incerta na cartografia não-portuguesa pode encontrar a sua explicação na "política de segredo" da tese de Jaime Cortesão, a qual filtrava as informações sobre os descobrimentos Atlânticos dos portugueses e que lançavam a confusão que é bem visível quando ora uns identificam as Hespérides com Cabo, ora outros com as Canárias, ora as Canárias com as Górgades, etc.

É demasiado tentador atirar todos estes relatos para o caixote dos mitos e considerá-los como simples fábulas. Demasiado tentador e perigoso, uma vez que estas narrativas revelam-nos um passado medieval, e mesmo mais recuado, em que as viagens Atlânticas, embora longe de serem regulares, existiam. A existência destas lendas, e especialmente das referentes à ilha de São Brandão, Antilia e Ilhas Afortunadas, revelam navegações atlânticas até às ilhas Canárias, aos arquipélagos do Norte Atlântico, Groenlândia, Islândia e talvez aos Açores e Madeira. Os meios técnicos já existiam há muito, conforme o prova o achado de vestígios Púnicos no arquipélago dos Açores. As viagens reveladas por estes relatos não nos fornecem datas, raros nomes exactos, e toda esta inexactidão tem afastado muitos investigadores do seu estudo. Agora, que vivemos numa sociedade Pós-moderna, em que a moda está em reavaliar o conhecimento mítico, cabe lugar ao estudos destes aspectos menos conhecidos das "histórias" do Homem, ou não fizessem elas, também, parte da História.